A série Orange is the New Black (OITNB) ganhou o coração de milhares de fãs desde seu lançamento, em 2013, ao trazer uma narrativa que aborda o dia a dia das detentas de um presídio feminino com bom humor e representatividade, sem deixar de lado o drama da vida de suas protagonistas e a crítica ao sistema prisional americano, como um modelo punitivo falido, que não cumpre um papel educador e reintegrativo.
Com a chegada da 6ª temporada esta semana na Netflix e, para se preparar, listamos pra você momentos em que OITNB foi mais que uma série de comédia ou drama e nos fez refletir sobre questões sociais, ao levantar problemáticas atuais importantes, trazendo denúncias e promovendo debates acerca dos temas desenvolvidos em sua narrativa.
1. A solidão da Mulher na prisão
Não é a primeira vez que a série traz essa temática, mas as consequências da rebelião da última temporada ajudam a reforçar esse sentimento. Divididas e confinadas em um local completamente diferente do antigo prédio, nossas detentas enfrentam as incertezas de seu futuro na prisão. Longe da família, amigos e aqueles que amam, cada uma delas precisa lutar para conseguir sobreviver aos dias na prisão sem se entregar à desesperança, mesmo submetidas às mais diversas formas de violência física e psicológica.
2. Objetificação Feminina
O tema também não é inédito na série, já presenciamos diversas vezes o processo de objetificação dessas mulheres em situação vulnerável, principalmente por homens ocupando posições de poder (guardas, funcionários e outros personagens em flashbacks). Pois ele continua sendo exposto, com foco no tratamento dos carcereiros e em alguns relacionamentos abusivos que acompanhar/descobrir.
3. Abuso de poder
Recorrente na série, relações de poder abusiva estarão presentes mais uma vez, tanto em ambientes familiares quanto na prisão. Elas não se dão apenas por guardas, ou por gangues, mas também pelos CEOs da empresa que administra a prisão e por oficiais de justiça, expondo problemas como o despreparo e a corrupção no meio de atuação dos responsáveis pelo local.
4. O ciclo de violência
A violência não será abordada apenas dentro da prisão, mas também fora dela, ora como uma das consequências da própria violência no ambiente prisional, ora como causador ou propulsor do que acontece no local (ou do que levou às detentas para lá). Aquele velho ditado “violência gera violência” servirá para exemplificar as falhas nesse sistema punitivo e as formas como os dois lados, presas e guardas, podem sofrer com ela.
5. Uso de drogas como forma de escape
A realidade dentro do complexo de segurança máxima não é fácil pra ninguém, mas parece que pra algumas pessoas ainda pode piorar. É difícil aguentar a vida em um ambiente correcional que é violento e deficiente nas suas tentativas de ressocializar e reintegrar indivíduos que cometeram infrações, ainda mais quando as tentações para uma fuga dessa realidade estam sendo constantemente ofertadas.
6. Despreparo policial
A morte de Poussey conseguiu abordar esse problema em seu ápice, mas ainda há negligência e despreparo por parte daqueles que são responsáveis pela vida de milhares de mulheres. Muitos, sem treinamento ou especialização, atuam de forma violenta e incompetente em um ambiente que deveria ser de reeducação.
7. Processo de desumanização e desvalorização da vida de uma detenta
Redução de pessoas à estereótipos de gênero, etnia, sexualidade e classe socioeconômica são constantes nesse processo de desumanização, além do fato de terem cometido delitos.
Para boa parte do sistema carcerário e da sociedade, as vidas dessas mulheres passam a não importar. Quando isso acontece fica ainda mais difícil promover ações de reeducação e integração e fazer com que elas se concretizem.
8. Prisão como um bom negócio
Como já vimos nas temporadas anteriores, a privatização das penitenciárias movimentam um negócio milionário e es empresas responsáveis pela administração dos complexos prisionais não medem esforços para lucrar ainda mais, mesmo que isso resulte no sofrimento dos indivíduos que fazem parte do corpo prisional.
O lucro proveniente da exploração de mulheres vivendo em condições péssimas de higiene, celas minúsculas, com alimentação precária e sem atividades educativas ou recreativas, favorecem os grandes executivos dessas empresas, enquanto as detentas pouco evoluem em relação ao distanciamento da criminalidade e violência.
9. Dificuldade de reintegração
A cadeia pode ser um momento de sofrimento e dificuldade, mas não quer dizer que essa condição acabe completamente ao deixar este espaço. A dificuldade em encontrar emprego e fonte de renda para manter uma vida digna e longe da criminalidade é mais uma das problemáticas levantadas pela série.
A rejeição de pessoas com antecedentes criminais no mercado de trabalho é mais um drama enfrentado por quem já passou pela prisão, mesmo tendo cumprido toda sua pena e estando livre de débitos com a lei.
10. Tratamento inadequado à pessoas em situação de vulnerabilidade
A série vem mostrando desde sua primeira temporada as formas de abordagem que o sistema prisional adota, erroneamente, ao terem que lidar com detentas e situação de vulnerabilidade, como pessoas idosas ou com transtornos mentais, como é o caso da personagem de Uzo Aduba, Crazy Eyes. Essas abordagens são inadequadas, não levam em conta a necessidade desses indivíduos, que para ele não apenas alguns na grande massa prisional lucrativa, gerando ainda mais sofrimento e deixando de contribuir para o processo de cuidado e reeducação das detentas.
A nova temporada de Orange Is The New Black estréia nesta sexta-feira (27). A cinco temporadas anteriores estão disponíveis no catalogo da Netflix. Prepare-se para maratonar!