Crítica – Para Sempre Alice

Beca A M Marques
5 Min de Leitura

Eu tenho uma memória terrível, e quem me conhece sabe bem: Eu esqueço as coisas que eu comi quando o dia chega ao fim, eu esqueço se fui ao banco, esqueço se minhas senhas têm ou não números e às vezes até esqueço o quê acabei de dizer a uma pessoa. Entretanto, eu tenho certeza que é impossível comparar minha memória ruim com o Mal de Alzheimer.

Mesmo que seja a pessoa mais esquecida (e provavelmente distraída) que conheço, esquecer alguns nomes de gente que não vejo há alguns dias não se comparar a esquecer meu nome ou minha idade, ou acordar um dia e pensar que ainda tenho 16 anos e preciso ir à escola pra uma prova de história. Pior: Não consigo imaginar como é depender inteiramente de alguém enquanto me esforço tanto pra ser independente.

Para Sempre Alice (Still Alice no original) é um filme de drama lançado em 2014, baseado no livro homônimo de Lisa Genova. Alice Howard (Julianne Moore), de 50 anos, é uma renomada professora com PhD em linguística que é diagnosticada com o Mal de Alzheimer de início precoce, transmitido geneticamente.

Logo no início do filme a visão da vida de Alice é praticamente ideal: Uma grande família, um emprego amado e uma rotina confortável até que ela começa a se esquecer de coisas insignificantes que se tornam enormes com o tempo: Palavras, nomes de objetos e até o caminho de casa e a feição de uma de suas filhas. Não é muito tarde até que Alice Howard seja diagnosticada e planeje detalhadamente todo o seu futuro enquanto ainda pode.

No filme, Juliane Moore interpreta uma doutora em linguística que descobre possuir Alzheimer.

Praticamente colocado através da visão de Alice, o filme concede ao espectador uma visão realista da doença progressiva enquanto a vemos lutar pelo pouco de controle que resta na sua vida, enfrentando barreiras familiares como uma de suas filhas não querer encarar o fato de que a mãe está doente, a possibilidade de seus filhos de herdar o mal e o claro medo de seu marido quanto ao futuro ao lado de alguém completamente dependente.

A direção independente de Wash Westmoreland e Richard Glatzer – que trabalham juntos desde 2001 – merece uma ovação de pé: Durante todo o filme é possível observar através dos olhos própria Alice, ouvindo como as pessoas falam sobre ela como se ela não estivesse ali (Como se não existisse) e ouvindo em silêncio, impotente enquanto deixa de ser uma pessoa para se transformar num objeto rotineiro.

No decorrer da película, Lydia (interpretada por Kristen Stewart) e sua mãe desenvolvem um relacionamento mais profundo com o decorrer da doença.

“Para Sempre Alice” é um filme adorável e cheio de emoção que além de ter rendido diversos prêmios e um Oscar de Melhor Atriz para a protagonista Julianne Moore, também me mostrou outro lado de Kristen Stewart – intérprete d a caçula da família, Lydia Howard –, que se revelou uma atriz melhor que o quê eu mesma havia julgado durante seu período de Bella Swan no papel de uma jovem aspirante a atriz de teatro.  Profundamente emocional, Lydia se transforma de uma personagem aparentemente rebelde a um ser humano real e amável e, embora tenha sido a filha mais distante, a única disposta a deixar a vida de lado e retribuir os anos de cuidado que sua mãe a concedeu. No fim, quando Alice mal pode falar e a jovem lê para ela e pergunta sua opinião sobre uma peça, ambas resumem o significado de “Para Sempre Alice” pra mim: Amor.

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Estudante de Cinema, sonhadora, apaixonada pelos livros e a doida de Game of Thrones. Se nem Nutella e doce de leite agradam todo muito, dificilmente eu irei.
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