A Blumhouse redefiniu o terror comercial em Hollywood nos últimos anos.A produtora responsável por sucessos como A Morte Te Dá Parabéns ,Fragmentado e o premiado Corra! se especializou em realizar boas ideias com um orçamento minimo e torna-las muito rentáveis nas bilheteria.
Sua nova empreitada no gênero veio aguardada com certa expectativa pelo publico por abordar um conhecido jogo: Verdade ou Desafio. Embora a premissa estranha e até interessante, o resultado está bem abaixo dos outros trabalhos da produtora.
A trama começa quando um grupo de amigos vai passar o Spring Break (aqui divertidamente traduzido como feriadão) no México, naquela que seria a última grande viagem antes de cada um embarcar em uma faculdade diferente. Na última noite, a jovem Olivia (Lucy Hale) conhece um estranho charmoso (Landon Liboiron) que acaba por convidá-la e seus amigos para uma inofensiva partida de verdade ou desafio. Porém, as coisas ficam estranhas quando o jogo revela-se algo sobrenatural, seguindo os jovens até os EUA e exigindo que estes continuem jogando, com ameaça de morte de uma entidade demoníaca caso não cumpram as regras; ou recusem-se a prosseguir a brincadeira.
Para vender uma premissa que embora interessante, estranha ao mesmo tempo,(que lembra uma mistura de A Corrente do Mal com Premonição) o roteiro tenta e muito se levar a sério e isso só deixa a experiência de assistir ao filme muito ruim, pois sua classificação limita muito uma boa elaboração nas mortes,e ainda na maioria das vezes gera um humor meio que involuntário,principalmente quando os personagens aparecem com aqueles sorrisos a lá Jack Nicholson em Batman de Tim Burton. Sério, no primeiro até dar uma certa repulsa, depois vai ficando cômico conforme vai se repetindo.
No que diz respeito ao terror, a direção de Jeff Wadlow representa o que o gênero tem de pior. Todos os momentos “assustadores” são baseados em jump scares bem básicos, que só se preocupam em assustar o espectador sem qualquer compromisso em criar uma atmosfera aterradora; em momento algum sentimos medo ou preocupação em relação ao jogo ou a mitologia por trás, a única exceção sendo a competente cena em que uma das personagens é forçada a caminhar pela beirada de um telhado.
O longa até tenta desenvolver um pouco seus personagens ao definir que cada um deles tem algum segredo escondido de suas vidas “perfeitas” mostradas nas redes sociais. Mas o roteiro se vê um pouco corrido quando precisa se aprofundar em cada um deles pois o filme acaba focando mais nas verdades que desencadeiam reviravoltas na trama do que nos desafios, que no final só servem para mostrar formas diferentes dos personagem se matarem, e então quando as mortes chegam o expectador não sente aquela empatia necessária com eles, afinal, o longa não dá tempo e espaço para ter esse envolvimento com os membros do grupo.
Lucy Hale até que segura as pontas mas talvez pelo fato, apenas de ter mais experiência que os outros colegas. Tyler Posey nem consegue deixar seu personagem gostável, o ator é apenas apático e sem muito sal. Hayden Szeto tem um dos poucos plots desenvolvidos no filme mas também não entrega nada de muito empolgante mesmo com cenas que poderiam ser bastante dramáticas. Violett Beane acaba entregando o arco mais dramático do longa embora precisasse de mais tempo para ser desenvolvido.
Verdade ou Desafio acaba se tornando mais um filme de terror como muitos outros ai. Não chega a ser uma atrocidade,sendo divertido em alguns momentos,mas é uma produção mediana com uma premissa interessante que é executada de forma rasa e previsível.