Aviso Cinesia: Contém spoiler!
Quando Mistborn: O Império Final – primeiro livro da série -, teve seu fim, era difícil imaginar o que mais Brandon Sanderson teria para nos contar sobre o universo que criou. Porém, Mistborn é uma história extremamente complexa, não apenas por ter seu próprio mundo e magia, mas por focar bastante em política. Além de uma grande quantidade de personagens. Vin venceu o Senhor Soberano? Venceu. O mundo agora vai ser um mar de flores? Não é bem assim…
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Mistborn: O Poço da Ascensão é um livro de consequências, de transição e de respostas. Elend Venture tem o poder e seu lugar como rei, mas como ele irá governar se tudo, absolutamente tudo que ele sabe sobre reinar, ele aprendeu em livros? É aquela velha história de teoria e prática. A morte do Senhor Soberano não acionou um botão que transformou o mundo em um paraíso. Enquanto no primeiro livro o “grupo de Kelsier” tinha que derrotar um único ser – e derrubar alguns outros pelo caminho -, nessa sequência, Elend, Vin e os outros membros da resistência nem sempre sabem de onde o perigo está vindo.
O povo de Luthadel desconfia e trama contra o próprio rei, e fora de seus muros o perigo claramente é pior. O quão divertido deve ser ter o próprio pai tirano querendo acabar com seu povo e recente reinado? Não está fácil ser Elend Venture e, é claro, ao seu lado temos Vin, e ela, apesar de ser a causa de um dos problemas – aceitáveis – do livro, é e sempre será a estrela de Mistborn.
Enquanto os outros estão, na maior parte do tempo, seguindo em frente com o que tem em mãos depois de seus grandes feitos derrotando o vilão da história, Vin parece carregar o peso de tudo que fez e se tornou pesadamente nas costas. Esse peso se torna uma passagem cansativa no livro. Porque o principal problema dela durante muitos capítulos, precisa ser resolvido dentro da cabeça. Seu relacionamento com Elend, seu poder e todas as consequências e descobertas que as últimas batalhas trouxeram para a luz do dia.
O interessante é que Poço da Ascensão cairia no grupo que chamo de “amaldiçoados pelo segundo livro” bem fácil, mas sua história é tão poderosa, que não torna essa sequência aquele tipo de livro que você pularia capítulos pelas sua inutilidade. É comum que o primeiro livro de uma série siga a linha introdução + olha que história fantástica. Tendo como objetivo alongar a história, a sequência geralmente é um livro de reflexão do personagem. É um livro de analise do herói, tanto de si próprio, como a situação como um todo, absorvendo as consequências de todos os acontecimentos do primeiro livro e só depois partindo para outra.
Não é, em absoluto, o caso de todas as trilogias e séries, mas acontece vezes o suficiente para ser digno de nota. Acontece com Poço da Ascensão, mas Sanderson contornou essa situação com maestria, mesclando cenas de debate interno com verdadeiros bailes com as cenas de luta. Que nós sabemos, ele sabe escrever muito bem.
Por traumas literários passados, Mistborn: O Poço da Ascensão, tinha tudo para ser apenas uma capa bonita (a minha preferida dessa trilogia), com conteúdo cansativo. Porém, nem mesmo o um destino amaldiçoado pôde impedir que essa sequência continuasse nos encantando com a incrível magia criada por Brandon Sanderson.
Eu amei a resenha. Estou com medo de começar esse segundo livro, mas ao mesmo tempo curiosa sobre a existência das brumas e do Poço da Ascenção.