Sofremos muito em expectativa para assistir adaptações, ainda mais se ela for de um dos nossos livros preferidos. Até a história mais simples e prática, aquelas que não precisam de super efeitos especiais ou elencos enormes, podem se tornar algo totalmente diferente da história original. Às vezes eles não ficam tão bons. Outras eles são como Com amor, Simon, que não apenas é um filme muito bom, mas também tornou seu livro de origem ainda melhor.
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Dirigido por Greg Berlanti (Raio Negro, 2018), o longa conta a história de Simon (Nick Robinson), um estudante do ensino médio que a vida de qualquer outro garoto de 17 anos: pais, irmã, melhores amigos, atividades escolares, festas e… Um segredo: ele é gay. Simon quer ter uma história de amor, mas não sabe como contar ao mundo sobre sua sexualidade (e nem paquerar muito bem). Até que começa a trocar emails com um garoto misterioso, que se assumiu anonimamente no site de seu colégio e muitas coisas acontecem a partir disso.
Estamos acostumados que filmes com temática LGBT+ tenham um final triste. Com amor, Simon passa longe disso e tem um final bem feliz. Isso não é um spoiler, mas um incentivo. O longa explora muitos aspectos da amizade e das relações entre filhos e pais, é bonito de assistir, porque a princípio parece apenas mais um filme teen, porém é muito mais que isso: é um filme corajoso e bastante didático para toda família. É daqueles que merecem lugar de honra entre clássicos juvenis como Clube dos Cinco (1985), 10 coisas que odeio em você (1999) e As vantagens de ser invisível (2012).
Por mais que estejamos em uma época com um real incentivo para sermos nós mesmos sem medo (apesar dos minions raivosos por aí), trazer um filme adolescente com temática LGBT+ exige bastante coragem. Crianças, adolescentes e seus pais precisam de um filme assim. O tema não é tratado levianamente, mas ainda assim é bastante leve, natural, como deveria ser. Contribuindo para isso, a escolha do elenco foi um acerto de mão cheia. Todos vestem tão bem seus papéis, que fica difícil não gostar absolutamente de todos eles, até os odiáveis.
O filme busca se mostrar positivo. Existem sim pais que não irão levar bem sua sexualidade, amigos que não vão mais olhar na sua cara, desconhecidos que vão lhe apontar na rua… Todas essas situações são possíveis e correspondem a grande parte da realidade. Mas, e esse ‘mas’ aqui é muito importante, tudo pode ser bem pior na sua cabeça do que na realidade. Seus pais podem rechaçar, mas podem acabar eventualmente aceitando, seus verdadeiros amigos vão continuar do seu lado (e essa é a maior verdade dos clichês de auto-ajuda) e… Quem liga para esses desconhecidos que apontam por aí?
Com amor, Simon é daqueles filmes que querem e conseguem mostrar com excelência que, apesar de nós sempre acabarmos pensando no pior, o melhor pode vir em alguma momento. O primeiro passo para isso é nos aceitarmos como somos, quem somos e com quem queremos estar. Todo o filme é um alto grito de incentivo: se permita mostrar você mesmo ao mundo. Você ainda é você. Você continua o mesmo.