Mistborn: O Império Final | Um sopro mágico revigorante para a literatura fantástica

Priscila Dórea
6 Min de Leitura

Quando falamos de literatura fantástica, imediatamente a imagem de vampiros, bruxos, lobisomens, fadas e etc, surgem em nossa mente. Os personagens já conhecemos, assim como mais da metade do que eles podem fazer. Brandon Sanderson estudou tudo isso e criou um mundo fantástico apenas dele. Ainda que dificilmente iremos reclamar de um bom livro com as mitologias de sempre, quando algo como Mistborn: O Império Final aparece, sua leitura é revigorante.

O livro conta a história de um mundo que, certa vez, teve um herói com uma herança misteriosa que tentou desafiar a escuridão que sufocava a Terra. Ele falhou. Desde então o mundo é governado pelas mãos cruéis do Senhor Soberano e do Ministério do Aço. Nessa sociedade a população se divide, basicamente, entre nobres e skaas (classe inferior), e nela vive o ladrão bastardo Kelsier, o único a sobreviver e fugir da prisão do Senhor Soberano. Enquanto estava preso, Kell descobriu ter os raros poderes alomânticos de um Nascido da Bruma. Agora ele pretende juntar um pequeno exército para invadir a fortaleza e desvendar o segredo do Senhor Soberano.

Kelsier se une à vários outros alomânticos e skaa, mas sente que falta alguém na equipe, até que ele conhece Vin, uma pequena garota integrante de um grupo de ladrões, que tem muita dificuldade em acreditar nas pessoas, mas é uma rara Nascida da Bruma igual a ele.

Arte por Dominik Broniek

O principal fator que torna Mistborn uma história digna de atenção é o sistema de magia criado pelo autor. Alomancia é a capacidade de “queimar” metais (ou ligas metálicas) presentes no organismo e com isso obter poderes, potencializando funções do próprio corpo. Normalmente os alomânticos bebem uma mistura de lascas de metal para aumentar e manter suas reservas e queimá-la quando julga necessário.

Quem assistiu Avatar: A lenda de Aang terá uma boa ideia como funciona. Lembram quando Aang começou a ter aulas sobre os outros elementos e pediam que ele sentisse os elementos dentro dele e tomasse consciência das diferenças entre um e outro? É basicamente isso, só que com metais.

Os alomânticos são extremamentes raros, apesar de, por seguirmos um grupo de rebeldes mercenários alomânticos na história, esse detalhe possa nos escapar às vezes. Por serem tão raros, eles são muito importantes dentro da classe nobre, servindo muitas vezes de guardas. Dentro do próprio grupo de alomânticos eles são divididos em duas categorias: Brumosos, aqueles que podem queimar apenas um tipo de metal e os Nascidos da Bruma, que são ainda mais raros e poderosos, pois podem queimar todos os tipos de metal.

Arte e animação por Charlestan

A alomancia se une a velha luta corpo-a-corpo, e leva a história para outro nível. Kelsier já é um mestre na queima de metais, mas Vin, até conhecer o ladrão, não tinha a mínima ideia do poder que guardava dentro de si. A narração segue principalmente os dois protagonistas e nos mostra tanto o árduo trabalho para concretizar o plano, quanto às descobertas e o crescimento de Vin. Ela é um dos que têm uma evolução mais evidente na história. O que nos leva a outro grande aspecto do livro.

Brandon Sanderson não tem nenhuma pressa em contar a sua história. Nada de “meses depois…”, ele não poupa palavras e páginas para desenvolver sua trama. Porém, essa “lentidão” não faz com que a luta contra o Senhor Soberano seja entediante, muito pelo contrário. A escrita de Sanderson é dinâmica e perspicaz, tornando até uma conversa de sofá interessante. Grande parte do livros é narrado seguindo os dois protagonistas, Kelsier e Vin, mas ainda há espaço para os coadjuvantes e personagens como Sazed, Brisa, Ham, Dockson, Trevo, Elend… Conquistarem sua chance de amarrarem os leitores ainda mais na história.

Mistborn: O Império Final é o primeiro livro da trilogia Mistborn: Nascidos da Bruma e é um excelente exemplar de como começar bem uma história. O primeiro livro é como um círculo que começa na primeira página e se fecha em sua última página. É um livro com começo, meio e fim, mesmo sendo o primeiro de uma trilogia. Para sua sequência sobrará nos mostrar as consequências desencadeadas pelos acontecimentos no primeiro, de certa forma será uma história completamente diferente da que lemos nesse primeiro.

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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