“Em poucas palavras, você pode explicar o que é um poltergeist?” Essa pergunta foi tão frequente para o parapsicólogo, que também é o autor dessa obra, Guy Lyon Playfair. Para detalhar os acontecimentos paranormais em Enfield foi necessário ir de encontro ao começo dos fenômenos desse bairro do subúrbio de Londres. Publicado originalmente no Reino Unido em 1980 sob o título “This House is Haunted: The Truth Story of a Poltergeist“, o livro “1977: Enfield” ganha sua edição brasileira em 2017 pela editora Darkside Books. Entre sem bater, mas saiba que o que está por vir é um relato real de vítimas e especialistas em mediunidade que tiveram contato com o mundo paranormal. E como dizem… essa porta uma vez aberta, dificilmente poderá ser fechada.
De acordo com alguns membros da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, os anos com maiores ocorrências sobrenaturais foram em 1977 e 1978, sendo representado o início do famoso caso do “poltergeist de Enfield” e a proximidade de seu fim em 1979. Para mais informações teremos a presença de Maurice Grosse, grande investigador paranormal e conhecido por estar presente na maioria das manifestações ditas como inexplicáveis pela polícia e pela mídia que tentava diversas vezes acusá-los de fraude. Até mesmo o médium brasileiro Luiz Gasparetto é mencionado ao fazer uma visita ao lar da família Hodgson, além do próprio autor ter estado na companhia desses ilustres especialistas enquanto anotava tudo em forma de um diário, onde cada dia havia algo para buscar explicações.
Os móveis se deslocavam… todos ouviam batidas vindo de um quarto vazio… Janet Hodgson levitava e falava com uma voz diferente da sua… situações como essas que muitos fãs de terror viram em “Invocação do Mal 2” e “Poltergeist” estarão presentes e serão vistas com um enfoque muito maior, com direito a fotos e documentos embasando todo o estudo desse difícil caso. A obra literária inclusive deixa clara as diferenças que as demais adaptações criaram da história real, o que não desmerece os filmes, até porque todos são “baseados em uma história real”, podendo ter total liberdade para alterar os acontecimentos e criar situações que forneçam a trama o efeito desejado. Prova disso é a polêmica presença dos Warren, que em “Invocação do Mal 2” nos faz pensar que estiveram muito tempo ao lado da família Hodgson, sendo que estiveram por apenas um dia e nem ao menos foram convidados.
O autor logo de início diz que poderá ser entediante e meio repetitivo ler os acontecimentos relatados, o que não acontece se o leitor entende que nos filmes e livros do gênero é feita uma organização que lhe induz ao medo. Algo que se destaca “1977: Enfield” é a grande quantidade de questões que ele nos faz ao longo da leitura, sendo ele mesmo que responderá caso exista dúvidas. Por não ser um compilado de histórias sobrenaturais, talvez seja necessário ver se o caso de Enfield é mesmo seu favorito, e nesses casos a leitura será indispensável. Entenderemos que o espírito não era só um e não era apenas Janet que servia de canalizador, ainda que demonstre maior dom para a mediunidade que sua irmã Margaret Hodgson. Além de todo o conteúdo original da obra de 1980, o relançamento trouxe um Prefácio do autor em 2011 e três breves apêndices, incluindo reflexões, sugestões de leituras e um curioso artigo intitulado “O que fazer com seu poltergeist“.
Um dos maiores medos é adquirir uma obra antiga com uma roupagem nova e sem nenhuma atualização do que ocorreu após anos e mais anos. Por sorte as explanações de Guy Lyon Playfair ao final da obra foi mais do que suficiente. Após a leitura é quase impossível não querer rever os filmes e documentários que retratam esse episódio. A sensação de estar tão familiarizado com o caso nos aproxima do autor, que por sinal morou no Brasil durante anos e é responsável também por conhecer a obra e vida de Chico Xavier. A edição da Darkside não deixa a desejar, mantendo todo o conteúdo em capa dura e com artes internas para encher os olhos de colecionadores e bookaholics. Não tenha medo de adquirir!