Liga da Justiça traz leveza e simplicidade ao universo DC nos cinemas

Danilo de Oliveira
7 Min de Leitura

A Liga da Justiça está reunida enfim! Depois do irregular Batman Vs Superman: A Origem da Justiça e o desastroso Esquadrão Suicida no ano passado, a DC/Warner se redimiu e entregou no meio desse ano um ótimo Mulher-Maravilha.

Com isso,capturando o espírito alegre e aventuresco do filme da Amazona o estúdio decidiu manter a zona de conforto e assim surge a tão esperada reunião dos maiores heróis da editora nesse Liga da Justiça, um longa que de longe até parece um longa da concorrência, grande é sua leveza e quantidade de piadas inseridas na trama.

Como esperado, a obra tem início nos levando de volta aos eventos de Batman vs.Superman, lembrando o espectador da morte do Superman, evidenciando que o mundo não perdera apenas seu protetor, mas um ícone, um farol que ilumina o caminho da humanidade. É nesse cenário de instabilidade que encontramos no início do longa, situação agravada pela chegada do Lobo da Estepe (voz de Ciarán Hinds), que, naturalmente, objetiva destruir o planeta. A fim de evitar tal catástrofe, Bruce Wayne (Ben Affleck) decide reunir os possíveis defensores da Terra, formando uma equipe composta pela Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Ciborgue (Ray Fisher). Juntos eles precisam impedir a invasão alienígena antes que seja tarde.

A narrativa de Liga da Justiça chama a atenção pela maneira como ela é construída – de imediato encontramos um tom mais melancólico, que reflete a perda do Superman, no entanto, conforme a projeção progride, essa melancolia vai sendo substituída pelo senso de aventura e leveza, porem ,quando a produção opta por tornar tudo mais cômico, se esbarra em problemas básicos de roteiro e direção. O texto não é bem ajustado para isso,assim como a direção de Synder destoa com o tom a se assumir, a maioria das piadas parecem fora de tempo e boa parte das atuações ficam também fora de tom. Ben Affleck não parece 100% focado no projeto,e fica nítido que ele não se entregou tanto quanto anteriormente, chegando a transparecer certa tristeza ou cansaço, ainda que seu personagem mantenha a presença marcante simplesmente por ele ser o Batman, claro.  Ray Fisher não tem nada de engraçado, mas seu personagem vai ganhando  bom destaque no decorrer do longa e Ezra Miller exagera nas caras e bocas e na total dislexia que seu personagem parece ter. Por outro lado, Gal Gadot (mais uma vez) esbanja carisma e arrasa com sua Diana já bem estabelecida , Jason Momoa surpreende como um Aquaman beberrão e surfista, ainda que precisasse de mais tempo. Henry Cavill finalmente dá imponência e carisma a Kal-El trazendo a áurea do Superman que tanto conhecemos.

A procura constante por um alívio cômico num mundo supostamente soturno implica em alguns desperdícios de cena –  por exemplo,uma sequência de luta entre dois heróis perto do fim sofre com isso.

Porem essa leveza tem pontos positivos. Por apostar em uma trama mais simples e rasa o filme tende a ser mais dinâmico e palpável para o publico casual, sem a necessidade de se prender a múltiplas tramas como em BvS. É o tal do sacrificar alguns por muitos. A tentativa é válida, traz identidade a equipe(um toque de Joss Whedon que assumiu a direção durante as refilmagens) e cria uma conexão interessante entre os heróis. Liga é uma aventura simplória, sem compromisso com qualquer consequência e que nasceu para juntar os heróis mais importantes da Terra.

Não podemos deixar de notar, todavia, a presença de uma característica que assola grande parte dos filmes de herói: a ausência de qualquer sensação de risco. Em momento algum sentimos como se os personagens centrais estivessem em perigos, fator que prejudica nosso envolvimento com a obra em linhas gerais. Outro aspecto que incomoda é o excesso de CGI, bastante notável e artificial em certos trechos, prejudicando nossa imersão consideravelmente.Estava recusando a me falar do vilão do filme, mas pra cargo de comentário, ele é um dos piores vilões já surgidos em filmes de heróis(a DC está se especializando, vide a Magia ano passado)carregado de frases de efeito, com um plano mais clichê que jumpscare em filme de terror, e um CGi mal feito, o Lobo da Estepe é esquecível.

Bom, Liga da Justiça é um filme que sem muito esforço, diverte o espectador, mas que o faz de maneira rasa, com notáveis problemas que impedem a obra de alcançar o digno patamar almejado para o primeiro longa-metragem a colocar esse emblemático grupo no cinema. A boa química entre os personagens centrais e as satisfatórias sequências de ação certamente não escondem a dependência do roteiro em conhecimento prévio, ou a superficialidade do vilão, mas evitam que a obra seja enxergada como uma decepção. Se leveza e piada eram coisas da formula Marvel, quero ver o que os fãs da DC vão chamar depois disso. É esperar por Aquaman agora!

Ps.: O filme conta com duas cenas pós-créditos, a primeira é apenas um  divertido “sou fã quero service” e a segunda traz impactos diretos para o futuro do universo DC nos cinemas.

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