Blade Runner 2049 não deixa muita brecha para uma crítica sem spoiler. Por esse motivo, falar da trama em si estragaria um pouco a coisa toda de ir ao cinema. Assistir ao filme anterior não é exatamente obrigatório aqui, mas atribui uma emoção maior ao perceber o quanto esse conseguiu ser fielmente uma continuação do anterior, mesmo com o intervalo de 35 anos entre ambos.
Nessa sequência, 30 anos depois dos acontecimentos do filme de 1982, a nossa conhecida Tyrell Corporation, criadora dos androides, foi comprada por Niander Wallace (Jared Leto). Agora com versões melhoradas, os replicantes têm como função fazer os trabalhos que os humanos não querem. Nesse meio, temos o Oficial K (Ryan Gosling), que ao investigar um caso, faz descobertas que podem mudar totalmente o modo como o mundo enxerga os replicantes.
A fotografia do filme é uma atração à parte. Assim como a trilha sonora criada por Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch. Tudo no filme possui um ar nostálgico que remete ao filme anterior. É como uma daquelas versões remasterizadas de música. A mesma coisa, só que mais produzida, melhorada. Isso no que diz respeito ao cenário, caracterização e afins, porque a história do filme pertence a si mesma.
Blade Runner é e sempre foi sobre a existência humana. Sobre ser ou não um replicante. E o que ser um replicante? O que é ser humano? É o tipo de história que te instiga a mergulhar nela, “entrar na onda”. Cheio de cenas longas e longos silêncios focados no cenário, o filme te empurra para se aclimar a ele.
O que ajuda muito nesse quesito é o elenco, que está excelente. Todo ele. Além da volta de Harrison Ford no papel de Deckard (ele está ficando craque em voltar de forma excepcional a interpretar seus primeiros personagens, hein?). Assim como Ryan Gosling, Robin Wright, Ana de Armas e Sylvia Hoeks estão espetaculares em seus papéis. Até mesmo Dave Batista, que pouco aparece, deixa sua marca. E então temos Jared Leto.
O que dizer de do Sr. Leto? Um vilão cego e sem nenhum (nenhum!) escrúpulo. O Jared está, assim como os outros, muito bem interpretando o Wallace, porém… Ele é o tipo de vilão que pouco aparece. Não sei se rolava turnê do 30STM no meio dessas gravações, não sei se a ideia era mesmo essa ou se ele está sofrendo um carma vindo do Oscar, onde todo vilão que ele interpreta terá cenas cortadas, vide o famigerado Coringa do Esquadrão.
O papel dele é muito interessante, cruel e profundo, no entanto some no filme. Em suas cenas ele cutuca nossa curiosidade, porque só de observar você percebe que tem muita coisa sobre ele que deve ser incrível de se descobrir, mas ficamos só na vontade mesmo.
Blade Runner 2049 é aquela esperada sequência que, incrivelmente, não nos decepciona. Seu maior trunfo é toda a sua fidelidade ao primeiro filme. Fidelidade essa que desejamos para tantas sequências por aí. É mais que um filme nostálgico, é uma sequência que nem lembrávamos mais que queríamos, mas que ao ser vista, nos faz responder que sim. Precisávamos dela aqui.