O maior trunfo de J. R. Ward é conseguir melhorar sua história a cada livro. A Irmandade da Adaga Negra não é uma série fácil de encarar. Além das cenas bem gráficas envolvendo muito sangue e falta de membros, temos também aquele baque no psicológico por causa do sofrimento sem limites desses personagens. E o principal: seu tamanho. Mas cá estamos nós com A Escolha, o 15º livro da série.
Um livro da Irmandade não era tão esperado desde o sofrido lançamento de Amante Finalmente (11º). Sim, nos empolgamos com O Rei (12º), sofremos com Os Sombras (13º), matamos a saudade com A Besta (14º), mas A Escolha… A coisa toda só prometia sofrência sem limites, não é? Não houve muita esperança envolvida nessa espera. Não se criava tantas teorias e possibilidades desde a hype da loucura que era Lost e seus ursos polares.
Xcor, assim como os mais cativantes personagens da autora, foi sendo destrinchado ao longo de vários livros, mas só o conhecemos de verdade quando embarcamos na história dele. O que mais chama atenção nesse livro é o fato dos traços primários da personalidade de Xcor e Layla terem sido, de certa forma, invertidos. É como se, literalmente, eles se completassem e isso fizesse com que partes de um passasse para o outro. Da melhor forma imaginada.
Enquanto Layla sempre foi calma e compreensiva, tentando acalmar as situações, nesse livro ela se mostra mais forte que nunca, percebendo que ela não deve mais esperar que lutem por ela e sim se colocar a frente das próprias batalhas, e levar suas escolhas estampadas no peito.
Xcor, por outro lado, que sempre se mostrou impiedoso e amargurado, faz seu levante diante das escolhas que toma de forma diferente. Ele as aceita, também as estampando no peito, mas de forma mais calma. Mais resoluto. Ele sabe o que tem que fazer, como tem que fazer e que talvez no fim ela não seja a pessoa mais feliz da festa, mas ainda assim irá terminar o que começou da melhor forma possível.
Paralelo a isso, vou preparar o coração de vocês desde já: vocês vão odiar o Qhuinn de forma selvagem; Torhment merece o nome que tem, porque olha… Ôh tormento esse homem; vocês realmente vão odiar o Qhuinn; Vishous aparece muito nesse livro, apenas para nos fazer temer pelo futuro dele; sério, muita raiva direcionada ao Qhuinn nessas páginas; Lassiter aparece também e ele… SURPRISE BITCH¹; a coisa com Qhuinn realmente envolve uma vontade de matar ele uma ou duas vezes; Trez também aparece muito e… SURPRISE BITCH² (Ward, eu te amo) e, por fim, sua relação com o Qhuinn vai melhorar, mas depois de muito ódio.
E então temos o Throe. A guerra contra os redutores está praticamente ganha. A guerra contra os Bastardos já esmoreceu também, logo, precisamos de outro vilão. A própria J. R. Ward disse que estava ficando com medo dele e nesse livro você também vai ficar. Como vilão, Throe lembra um pouco a época do Sr. O e seus redutores. Ou seja, meio chato. Ele ainda está “em treinamento”. Ainda criando seu exército, bolando seus planos maléficos. A Ward está acrescentando mais elementos sobrenaturais na série e não tem nada haver com anjos. E nada, nada, nada de bom promete sair dali com o Throe envolvido.
É um livro bonito de muitas formas. J. R. Ward é muito boa em maltratar seus personagens. Assim como é boa em ser boazinha com eles. Com Xcor não foi diferente. Ela firma pontas soltas, e trabalha muito o conceito de família, perseverança e coragem nesse livro. A única coisa que me incomodou foi o final – bem parecido com a sensação que o final de Vishous e Jane me deixou -, é um final trabalhado e que deu trabalho para alcançar, mas que, ainda assim, faz parecer um pouco mais fácil do que deveria.
Assim como de praxe – e porque ela é uma máquina desenfreada -, mal A Escolha foi lançado e ela já nos deu notícias do próximo: The Thief (O Ladrão, numa tradução literal). Com provável lançamento nos EUA para três de abril do ano que vem, ele se focará no Throe e pela primeira vez fiquei com um pé atrás com um lançamento da série. Porém, pelo andar da carruagem de A Escolha, no livro 16 também terá muito de Vishous, Jane, Lassiter, Bastardos e… FINALMENTE teremos o desfecho de Assail e Sola (confirmado pela autora).
Obs. para um spoiler: LAYLA VAI PARIR MEU POVO. É sério. Não estou brincando. Acontece mesmo.