‘Prophecy’ revela a transformação da internet em arma para o terrorismo

João Fagundes
4 Min de Leitura

CUIDADO! Tudo que você digita na internet pode ser usado contra você. O mangá de 2012 de Tetsuya Tsutsui é uma arma cheia de ideias para nossa sociedade. “Prophecy” (ou “Yokokuhan“) é o universo digital causando conflitos não só na rede, mas também fora dela, através de ataques a pessoas comuns e entidades públicas. Um mangá de ação e suspense não poderia ser mais interessante para um público maduro. Completo em 3 volumes, a JBC publicou todos em 2014, época ideal para lançamento em virtude das manifestações que ocorreram no ano anterior a publicação.

A história acompanha Gates, um jovem que com a ajuda de um grupo de amigos planeja mudar o mundo com as próprias mãos. Assim como ele, seus companheiros Nobita, Kansai, Metabo e Palito passaram por situações difíceis no Japão, o que para esse grupo justifica a criação de um único personagem: o Homem-Jornal. Após um vídeo publicado que gerou polêmica, o também conhecido como “Jornal” se tornou um Deus que profetiza os crimes que comete com a ajuda dos demais comparsas. Do outro lado, a polícia especializada em crimes cibernéticos precisa encontrar pistas e deter esses jovens terroristas, que aos poucos se tornam “justiceiros” aos olhos da sociedade. Erika Yoshino é quem lidera as investigações sobre o mascarado, e logo vemos sua competência ao colocar sua própria carreira em jogo.

A preocupação com os personagens e o roteiro é proporcional, fazendo com que tudo esteja no seu devido lugar. As surpresas serão frequentes, lembrando um tanto o mangá “Death Note” até mesmo nas ideias suicidas e planos mirabolantes. Outro ponto positivo é a realidade nele contida, pois podemos encontrar muito de cada drama em nossas vidas ou na crise que os países como o Brasil enfrentam a cada proposta política. Ao chegar no meio da história, será difícil escolher qual lado vamos torcer. Uma das maiores referências da história é comparar o Jornal ao “Robin Hood“, pois roubava dos ricos corruptos para dar aos pobres o mínimo de sustento.

Com bastante objetividade vamos encontrando mais do que um thriller, pois ele terá momentos de drama após uma exaustiva perseguição. Nesse mangá também abrem discussões sobre a privacidade na internet e a mesma sendo usada como arma  para crimes ao invés de ferramenta para pesquisa e investimentos lícitos. O leitor sentirá compaixão ao ver que embora talentosos, a quadrilha não teve oportunidade sequer de provar para a sociedade seu valor. Recomenda-se ler as 3 edições uma após a outra, mas quem costuma ler com intervalos muito grandes não irá se perder, graças ao resumo (com spoilers) no início do mangá de volume 2 e 3.

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Os traços são um misto de materiais, mostrando a arte virtual mesclada com a manual. A competência dessa história gerou uma adaptação para os cinemas em um live-action de 2015, mas nem ele conseguiu superar a atenção ao material original. Por fim esse mangá será um dos que fará orgulho em uma coleção. Por conter temas adultos, ele não é recomendado para menores de 16 anos. Obrigado maioridade, podemos ler esse mangá e entender que o crime (mais uma vez) não compensa.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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