‘Fabrincando’ desperta o artesão que existe nas crianças e nos devolve a criatividade adormecida

João Fagundes
5 Min de Leitura

Já se perguntou onde estão os brinquedos de madeira atualmente? Lembra de ter visto alguma menina com uma boneca de pano? Com a brilhante ideia de valorizar a produção de brinquedos feito pelas próprias crianças, a autora e ilustradora Tamires Lima lançou o “Fabrincando” em 2015, seu livro de estréia. Natural de Recife, Tamires vive em Salvador, onde continua apresentando sua obra em escolas da cidade, instituições e eventos culturais, mostrando ao público infantil a importância de brincar e de desenvolver a criatividade nesse processo. Com o selo da Solisluna Editora e o investimento do Governo do Estado, temos a possibilidade de conhecer mais dessa criativa obra.

A ideia original veio do TCC da autora, e logo foi selecionado pelo edital do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) em 2014. Reunindo muitos versos e poemas que casam tão bem com as ilustrações, será uma verdadeira viagem tanto para adultos quanto crianças (público-alvo). “Fabrincando” possui uma divisão bastante interessante, pois será abordado em “O QUE É?” a origem dos brinquedos, a ordem cronológica do surgimento dos brinquedos mais populares que vão da Pipa ao Tamagotchi, contendo em cada um informações que representam bem a época que foram criados.

É perceptível a dedicação de Tamires em apresentar também o mundo dos fabricantes desses brinquedos artesanais, algo que pouco sabemos é que existem muitos artesãos que fazem desse momento uma terapia familiar, onde passam seus conhecimentos para os mais jovens, mantendo assim viva a expressão de cultura que essa atividade representa. Adquirir e compartilhar esse pensamento é o que manterá vivo os ofícios manuais, seja de costura, marcenaria e outros populares no Brasil. Todo esse conhecimento também se une ao respeito à natureza, pois a maior parte dos materiais é reciclável e são fáceis de encontrar em casa. Até mesmo para o livro ser feito, foram usadas folhas de papel reciclado.

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Do Brasil para o mundo: A autora já levou “Fabricando” para eventos no México

Antes mesmo dos cinco brinquedos que serão apresentados no livro, algo que chama atenção é o “símbolo de ajuda” e “símbolo de tempo” que estão em cada uma das páginas, mostrando para a criança se ela precisará da ajuda de um adulto e quanto tempo ela levará para confeccionar seu brinquedo. Num total de 60 páginas, na parte “COMO FAZ?” aprenderemos a fazer um Avião de Pregador, uma Boneca de Meia, um Amigo de Bexiga, um Berra-boi de garrafa pet e até mesmo um Ratinho de Caixa de Leite. As instruções são claras e mostram de uma maneira didática como fazer cada um, mas ao mesmo tempo incentivando a criação de novos brinquedos com base nos modelos mencionados. Ao final de cada brinquedo, o livro revela o que aprendemos ao fabricar, pois cada um tem uma técnica especial.

Por último, mas não menos importante teremos a “LISTA CURIOSA“, onde o leitor poderá encontrar uma grande variedade de Associações, Museus, Artesãos, Colecionadores e Projetos que serviram de inspiração para esse livro e que podem ser igualmente importantes para quem quiser se aprofundar nessa arte tão pouco valorizada nos dias atuais. Tamires Lima levou o “Fabrincando” através de oficinas não só nas escolas da cidade de Salvador, mas também para outras cidades e até chegou no México onde os participantes puderam conhecer mais sobre a cultura brasileira.

Fica claro que “Fabrincando” é um livro tão inteligente com sua abordagem cativante que se torna o melhor amigo de uma criança que está descobrindo o mundo dos livros. Algo assim não pode parar em apenas um volume, o que seria mais divertido uma coleção com mais volumes com brinquedos diferentes e muita diversão para levar debaixo do braço. Para os professores é uma oportunidade de levar um livro didático com uma roupagem mais informal para a sala de aula, fazendo parte da aula de artes, música e até português. Afinal, a poesia está envolvida em cada um dos brinquedos.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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