“Apenas uma Garota” reacende o T da sigla LGBT que é tanto esquecido pelo mercado literário

Willyam Nascimento
3 Min de Leitura

Estamos ciente que histórias LGBTs são poucas no ramo literário, e quando se fala de tramas que envolvam protagonistas trans, fica ainda mais escasso encontrar algum livro do tipo. “Apenas uma Garota”, da editora Intrínseca, reacende o T da sigla LGBT, e é sem dúvida um livro que você precisa ler neste ano.

Escrito por Meredith Russo, “Apenas uma Garota”, narra a história de Amanda Hardy, uma jovem trans que se muda para casa do pai, após ser agredida em um banheiro por um pai de uma colega de escola. Os primeiros capítulos do livro mostram esse processo de mudança de Amanda para uma nova cidade e um novo ambiente. Pelos pensamentos da protagonista, ficamos cientes dos seus medos e inseguranças.

A relação que Amanda tem com seu pai, é um ponto muito interessante que a autora trabalha bem. Ele ainda está em um processo de aceitação com a filha, que antes de identificar como uma garota, era o seu filho chamado Andrew. Percebemos que sempre existiu da parte dele, expectativas em relação a Amanda, quando era um garoto. E claro, essas expectativas não foram correspondidas, já que Amanda nunca pode e conseguiu supri-la.

O romance que a Meredith desenvolve na trama, é algo que nos fisga de certo modo. Ao decorrer da leitura, nós percebemos toda aflição que Amanda passa ao notar que o Grant, seu colega, está interessada nela. O receio de descobrirem que no passado ela era um garoto, amedronta Amanda de tal modo que ela pense que um futuro não é possível para pessoas como ela.

Outro aspecto que me ganhou, e que considero chave, é o fato de o livro possuir capítulos que narra a protagonista no passado. Esses capítulos retratam tanto a infância de Amanda quanto seu processor de transição, juntamente mostrando o apoio de determinadas pessoas contribuiu para sua aceitação e compreendimento da sua condição.

“Entrei no carro, virei a chave, dirigi e cheguei no futuro! E no futuro eu estava em um laboratório cientifico, e lá havia uma mulher muito alta e bonita de cabelo comprido trabalhando no computador. A mulher se levantou, me abraçou e disse ela era eu, adulta! Disse que tinha tomado um remédio especial para se transformar em mulher ao crescer. ”

A minha única observação fica por conta do clímax do livro. Ele demora um pouco para chegar e quando chega, o gosto de quero mais para os desdobramentos após reviravolta fica a desejar.

Meredith Russo acerta em cheio em sua primeira obra, e com certeza uma mina trans escrevendo uma história de uma protagonista trans, é uma representatividade para o mercado literário sem tamanho. É um pontapé para que grandes editoras brasileiras se atentem para protagonistas transexuais.

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